No passado as carretas puxadas a boi foram utilizadas principalmente para carga. As pessoas, para o seu transporte, preferiam veículos mais leves, mais rápidos e confortáveis como charretes e carruagens.
Com as carretas, produtores rurais realizavam viagens para comercializar produtos do campo (couros, peles, charque,milho,feijão,abóbora,erva-mate), e transportar de volta as aquisições feitas na cidade. Era o momento de compra e venda de quem morava no interior.
Mas a carreta não foi utilizada apenas para transporte de produtos oriundos da atividade pecuária e agrícola, servindo também de transporte de munições em guerras, contrabandos, transporte de produtos entre portos e cidades do interior.
O Historiador gabrielense Osório Santana Figueiredo relata que a carreta de boi (touro castrado e adestrado desde pequeno, quando terneiro) é citada em tempos de guerra e na paz. E assim relata o historiador:
“Valentes serviçais, foram trem de carga e casa de família, farmácia de remédios e paiol de munições, loja de bugigangas e carro funerário, quartel general e bolicho, presídio e prefeitura, capela e prostíbulo. Durante a guerra dos Farrapos, até mesmo a imagem do poeta Edilberto Teixeira destaca, 'caravelas de zinco', teve sua hora de verdade. Quando Garibaldi quis transportar dois lanchões da Lagoa dos Patos para a Lagoa do Rio Tramandaí, valeu-se de duas carretas de boi puxadas cada uma por 48 juntas de boi”.
Mesmo com as mudanças no cenário econômico, e a influência deste no campo, bem como o avanço no transporte e beneficiamento de produtos agropecuários, alguns carreteiros permanecem com suas carretas, pois há aspectos culturais por trás desta atividade (carretear), a exemplo: a tradição das viagens, dos causos em volta do fogo de chão e as rodas de chimarrão, as carretas garantem independência aos pequenos produtores e amenizam o êxodo rural.
Carreteiro famoso pela valentia e força foi Candido da Veiga, que viveu na região entre Santo Antônio da Patrulha e Taquara do Mundo Novo, no Estado do Rio Grande do Sul, no início do século XX. Era de uma força e valentia notáveis.
Costumava transportar sacas de farinha, bem como outros produtos, sempre sobrecarregando sua carreta de tal maneira que as rodas afundavam nos terrenos mais macios e encharcados, danificando as trilhas que serviam também a outros carreteiros e pessoas montadas. Por isto, muitas vezes foi multado e arranjou problemas com a polícia. Conta que quando a carreta atolava, solitário, ele erguia a traseira com os braços ajudando os bois a tracionar.
Os carreteiros antigos foram os inventores do "arroz de carreteiro", mais conhecido no Rio Grande do Sul como "carreteiro", feito do charque – carne seca e salgada.
Composição da Carreta
Aguilhada, Picana ou Guiada - É uma taquara com o comprimento proporcional ao número de juntas de bois, com ferrão na ponta para cutucar os animais e mantê-los ativos e parelhos na fieira.
Conjunto de Tração - Formado por peças de madeira ou ferro e acessórios indispensáveis para unir os bois e puxar a carreta: canga, canzil, brocha, ajoujo, tamoeiro, tiradeira ou cambão, passadeira ou fuzil, corda do coice e tapa-canga.
Tolda - É o conjunto de armação da tolda propriamente dita. A armação é um gradil construído com quatro ou cinco arcos de varas roliças de madeira, que dão forma a tolda, curvilínea ou de cumeeira. A tolda propriamente dita é a cobertura que reveste a armação, e nas primeiras carretas era de couro, depois de palha, junco, capim santa -fé e hoje de zinco.
Rodado - Duas rodas, que variam de tamanho, unidas por um eixo, de madeira ou ferro. Constituem o rodado, ainda as partes chamadas maça, buzina, raios, cambotas, roldanas e mata-bois.
Mesa - Compreende o leito, ou seja, o estrado no qual se deposita carga a transportar. A mesa é composta das partes denominadas chedas, cabeçalho, chavelha, focinheira, muchachos, cadeias, fueiros, assoalho, salva-vida e empulgueira.
Junta - É uma parelha de bois unidos pelo jugo(nas carretas mais antigas) ou pela canga.
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| Monumento a La Carreta - Montevidéu |