18.12.11

Apresentação da Pesquisa


Fonte: Imagem cedida por Élida Hernandes
Através deste trabalho de pesquisa buscamos mostrar um pouco da história da Praça das Carretas. Esta investigação foi realizada com base em histórias de vida de moradores que vivem nos arredores da praça, com entrevistas informais com pesquisadores do assunto e também com pessoas que, de alguma forma, conhecem um pouco da história da Praça das Carretas. 
     A pesquisa também foi feita com base em jornais antigos e recentes disponibilizados pela Senhora Élida Hernandes, que estuda o tema das praças bajeenses. Nesse trabalho foram produzidos diários de campo das visitas à praça. O nosso objetivo é de reconstruir a história da praça a partir das memórias de quem vivencia ou vivenciou o espaço. Utilizamos como instrumentos de pesquisa o gravador de voz, máquinas fotográficas e filmadoras.
Objetivo: conhecer um determinado lugar (território, espaço...), no caso a Praça das Carretas, a partir da memória, da lembrança das pessoas, ou seja, das narrativas.
Podemos observar que ao falar sobre determinado espaço, a pessoa fala de sua própria vida, traz outras lembranças (filhos, irmãos, trabalho etc...). Percebemos com isso que o lugar (a Praça das Carretas) faz parte da história de vida das pessoas. O lugar constroi vínculos, identidades. Ele faz lembrar.
Hoje a praça das carretas está abandonada. É como se a vida das pessoas que vivem ao redor também estivesse abandonada. Ela perde um pouco de suas referências, de seu sentido histórico sem a praça...

Diário de Campo: Entrevista com Dona Elvira


Na tarde de sábado do dia 02 de julho os alunos Dilma Oliveira, Felipe Saraçol, Isadora Rodrigues, Janice Godoy, Jean Vargas, Mateus Moreira, Neuza Fagundes, Renan Silveira, Rovena Ramos integrantes do projeto “Memórias da Praça das Carretas, juntamente com o professor Lisandro Lucas de Lima Moura (Sociologia), encontraram-se às 15h na praça das Carretas com o objetivo de recolher depoimentos de pessoas que moram nas redondezas da praça e identificar, na simplicidade do convívio da vida daqueles pessoas com a praça, aspectos históricos e culturais dos bageenses.
A maior preocupação do grupo em relação à entrevista foi sobre as perguntas que seriam feitas aos entrevistados, afinal, não queríamos perguntas convencionais, queríamos perguntas simples, não queríamos os grandes acontecimentos e sim histórias simples conhecidas e vividas pelos próprios entrevistados, coisas próximas do povo. Escolhido as perguntas, pedimos sugestões a Isadora, moradora também das voltas da praça, quem seria um bom entrevistado. A primeira sugestão dela foi o guarda da praça, que afinal, a sugestão foi visto por todos como a mais adequada, porque quem melhor para contar historia de um local do que alguém que cuida deste local?! Então depois de decido de quem entrevistaríamos nos dirigimos à casa do guarda.
Logo que avistamos a casa encontramos José Carlos Gonçalves, o guarda noturno, mais conhecido nas redondezas como “Chiquito”, bem na porta de sua casa. Logo que nos apresentamos e dissemos o motivo por estarmos ali, houve uma certa resistência por parte de seu Chiquito, então começamos a pedir sugestões de quem poderia oferecer uma entrevista de historias ricas sobre a praça, e como de quem não quer nada começamos a fazer perguntas a ele e como já era de se esperar, historias interessantes começaram a surgir. Depois de um pouco mais de “prosa” perguntamos onde ele morava e para nossa surpresa nos indicou uma casa diferente da qual nos o encontramos, e disse que a casa da qual nos encontrávamos bem em frente era de sua mãe e sem muita cerimônia nos apresentou donaElvira Gonçalves da Silva, mas dizendo de antemão: “não da bola que minha mãe é meio grossa”. E que erro de seu chiquito ao se dirigir assim a sua mãe, uma senhora que nos recebeu em sua casa de beijos, abraços e um sorriso no rosto, como se fôssemos amigos de longa data.
Quando começamos a fazer a entrevista com dona Elvira vimos que o que faríamos de fato não era entrevistar dona Elvira e sim conversar com dona Elvira, que nos mostrou como era diferente sua vida quando a praça das Carretas recebia atenção do povo de Bagé e de seus governantes. Contou historias interessantes dequando ocorria um evento muito importante como a “Semana Farroupilha”. Contou-nos um pouco de sua família, sua vida e nos mostrou sua casa. Depois de uma longa conversa, tiramos algumas fotos e nos despedimos novamente com beijos e abraços.
Depois que saímos da casa de dona Elvira seguimos a procura de outro morador que se propusesse a fazer outra entrevista. Seguimos as sugestões de dona Elvira e seu Chiquito e procuramos outra moradora das redondezas da praça, mas infelizmente ela não quis nos atender porque estava muito frio na rua. Diferentemente da dona Elvira, essa moradora não nos convidou a entrar em sua casa. Depois fomos a procura de seu Lauro, um senhor que trabalha com fretes na praça e também frequentador da praça das Carretas. Procuramos ele no ponto em que prestava serviço, mas não encontramos ninguém, então vimos um outro senhor que também trabalhava com frete. Pedimos informação a este senhor, que nos disse que já fazia semanas ele não aparecia na praça.
Em seguida nos reunimos na praça e dividimos as pesquisas. E por volta das 17:00 fomos embora. 



15.12.11


Los Ejes De Mi Carreta




Porque no engraso los ejes
Me llaman abandona'o ...
Si a mi me gusta que suenen,
¿Pa qué los quiero engrasaos ?
E demasiado aburrido
seguir y seguir la huella,
demasiado largo el camino
sin nada que me entretenga.
No necesito silencio.
Yo no tengo en qué pensar.
Tenía, pero hace tiempo,
ahura ya no pienso mas.
Los ejes de mi carreta
nunca los voy a engrasar...

14.12.11

Antigos Carreteiros

     No passado as carretas puxadas a boi foram utilizadas principalmente para carga. As pessoas, para o seu transporte, preferiam veículos mais leves, mais rápidos e confortáveis como charretes e carruagens.
    Com as carretas, produtores rurais realizavam viagens para comercializar produtos do campo (couros, peles, charque,milho,feijão,abóbora,erva-mate), e transportar de volta as aquisições feitas na cidade. Era o momento de compra e venda de quem morava no interior.
               Mas a carreta não foi utilizada apenas para transporte de produtos oriundos da atividade pecuária e agrícola, servindo também de transporte de munições em guerras, contrabandos, transporte de produtos entre portos e cidades do interior.
               O Historiador gabrielense Osório Santana Figueiredo relata que a carreta de boi (touro castrado e adestrado desde pequeno, quando terneiro) é citada em tempos de guerra e na paz. E assim relata o historiador:

Valentes serviçais, foram trem de carga e casa de família, farmácia de remédios e paiol de munições, loja de bugigangas e carro funerário, quartel general e bolicho, presídio e prefeitura, capela e prostíbulo. Durante a guerra dos Farrapos, até mesmo a imagem do poeta Edilberto Teixeira destaca, 'caravelas de zinco', teve sua hora de verdade. Quando Garibaldi quis transportar dois lanchões da Lagoa dos Patos para a Lagoa do Rio Tramandaí, valeu-se de duas carretas de boi puxadas cada uma por 48 juntas de boi”.

Mesmo com as mudanças no cenário econômico, e a influência deste no campo, bem como o avanço no transporte e beneficiamento de produtos agropecuários, alguns carreteiros permanecem com suas carretas, pois há aspectos culturais por trás desta atividade (carretear), a exemplo: a tradição das viagens, dos causos em volta do fogo de chão e as rodas de chimarrão, as carretas garantem independência aos pequenos produtores e amenizam o êxodo rural.

     Carreteiro famoso pela valentia e força foi Candido da Veiga, que viveu na região entre Santo Antônio da Patrulha e Taquara do Mundo Novo, no Estado do Rio Grande do Sul, no início do século XX. Era de uma força e valentia notáveis.                      
Costumava transportar sacas de farinha, bem como outros produtos, sempre sobrecarregando sua carreta de tal maneira que as rodas afundavam nos terrenos mais macios e encharcados, danificando as trilhas que serviam também a outros carreteiros e pessoas montadas. Por isto, muitas vezes foi multado e arranjou problemas com a polícia. Conta que quando a carreta atolava, solitário, ele erguia a traseira com os braços ajudando os bois a tracionar.
    Os carreteiros antigos foram os inventores do "arroz de carreteiro", mais conhecido no Rio Grande do Sul como "carreteiro", feito do charque – carne seca e salgada.

Composição da Carreta

Aguilhada, Picana ou Guiada - É uma taquara com o comprimento proporcional ao número de juntas de bois, com ferrão na ponta para cutucar os animais e mantê-los ativos e parelhos na fieira.
Conjunto de Tração - Formado por peças de madeira ou ferro e acessórios indispensáveis para unir os bois e puxar a carreta: canga, canzil, brocha, ajoujo, tamoeiro, tiradeira ou cambão, passadeira ou fuzil, corda do coice e tapa-canga.
Tolda - É o conjunto de armação da tolda propriamente dita. A armação é um gradil construído com quatro ou cinco arcos de varas roliças de madeira, que dão forma a tolda, curvilínea ou de cumeeira. A tolda propriamente dita é a cobertura que reveste a armação, e nas primeiras carretas era de couro, depois de palha, junco, capim santa -fé e hoje de zinco.
Rodado - Duas rodas, que variam de tamanho, unidas por um eixo, de madeira ou ferro. Constituem o rodado, ainda as partes chamadas maça, buzina, raios, cambotas, roldanas e mata-bois.
Mesa - Compreende o leito, ou seja, o estrado no qual se deposita carga a transportar. A mesa é composta das partes denominadas chedas, cabeçalho, chavelha, focinheira, muchachos, cadeias, fueiros, assoalho, salva-vida e empulgueira.
Junta - É uma parelha de bois unidos pelo jugo(nas carretas mais antigas) ou pela canga.
 Monumento a La Carreta - Montevidéu



Jornal Estado de São Paulo - agosto/2011  <http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/2011/08/16/o-fim-do-carro-de-boi/ >
Prefeitura Municipal de São Gabriel - O ultimo reduto dos carreteiroshttp://www.saogabriel.rs.gov.br/portal/index.php?Conteudo=cultura_id15>

13.12.11

O futuro da Praça das Carretas..

A possibilidade de que um esquadrão da Brigada Militar seja transferido para a praça das carretas, local onde está em funcionamento a escola Marquês de Tamandaré, está sendo estudada. O comandante do 6° RPMON, Major Emilio Teixeira afirma que um processo administrativo vai ser iniciado para avaliar as condições para a transferência, mas esta é uma decisão burocrática entre a prefeitura e o Governo do Estado. 
''Quem sabe a população de Bagé também deva ser consultada sobre o futuro da praça?''

Os últimos Carreteiros

Fonte: Revista Ícaro Brasil - julho/1997

Na última metade do século passado e princípios deste, os historiadores vêem o pampa gaúcho como um autêntico formigueiro de carretas de boi. Em 1875, com a inauguração do novo porto em Pelotas, passaram pela ponte Santa Bárbara 6.574 carretas. Em 1907 a intendência de Bagé registrava 366 carretas lotadas na comarca. Havia, nas cidades nascentes, além de uma praça própria para descarga de produtos, toda uma política da carreta, com taxas, código de posturas, ruas e horários bem definidos. Visitantes estrangeiros admiravam-se de ver comboios de dez, 12 carretas recortando a monotonia do pampa, carregadas de todo tipo de mercadoria. De carreteiros mais bem sucedidos surgiram as famílias dos maiores fazendeiros gaúchos. Dizia-se que um moço com uma carreta e quatro juntas de bois já podia casar. Meninos amarravam bois de sabugo numa caixa de sapato e orgulhosamente brincavam de carreteiros. Era a glória da carreta.

Revista Ícaro Brasil - julho/1997. Disponível em: < http://www.paginadogaucho.com.br/hist/carr2.htm >.

12.12.11

Polêmica dos cavalos

 Por ser Bagé conhecida como o “Berço do Cavalo Crioulo” e uma das cidades mais tradicionalistas do estado, foram colocadas duas esculturas de equinos , denominados de Ventania e Aragano, no pórtico de entrada da cidade. Porém em 2008 foram retiradas do local e transportadas para a Praça das Carretas. Em seu lugar foi feito um novo pórtico de entrada. Isso deu origem a uma polêmica que permanece até os dias atuais. Parte da população não gostou da mudança, argumentando que os cavalos representavam de forma mais adequada a identidade de Bagé. Além disso, não houve uma consulta popular para decidir sobre o fato. A presença desse tema nos depoimentos dos nossos três entrevistados: Dona Elvira, Élida Hernandes e Vitor Hugo, reforça a ideia de um assunto controverso que divide opiniões na cidade.
        Dona Elvira, por exemplo, tem a opinião de que as esculturas devem permanecer na Praça, porque atrai pessoas, principalmente crianças, que costumam brincar e tirar fotos. Élida e Vitor, ao contrário, pensam que os cavalos deveriam voltar para a entrada da cidade, pois além de ser seu local de origem, argumentam que na praça estão sendo depredados.
      Segundo publicado no jornal Minuano de 5 de Julho de 2009, em coluna assinada por Gilmar de Quadros, foi afirmado que houve uma campanha em rádios e jornais locais em oposição à transferência das esculturas para praça. Inclusive é denunciado que essa transferência foi feita pelo poder público na “calada da noite’’. Quem sabe com uma consulta popular, com divulgação na imprensa (meio de comunicação), a população pudesse manifestar o desejo de retorno das figuras equinas para o local de origem?

Para mais informações consulte estes links:


Conversa com Vitor Hugo Benites de Freitas

Na tarde de quinta-feira do dia 1 de dezembro, os alunos Bruno Dias, Cristiele Paiva, Elenara Pinto, Felipe Sarasol, Helena Brum, Isadora Rodrigues, Jean Vargas, John Roger, Jordano Jardim, Mateus Moreira, Natálie Scherer, Neuza Fagundes, Renan Silveira, Renan Barros, Rodrigo Vaz, integrantes do projeto “Memórias da Praça das Carretas”, com os professores Lisandro Lucas de Lima Moura (Sociologia) e Rafael Lima (História). Nos encontramos às 18h no Campus do IFSul, com o objetivo de entrevistar o senhor Vitor Hugo Benites de Freitas, organizador por vários anos das atividades comemorativas da semana farroupilha na Praça das Carretas. O nosso convidado falou dos eventos que a praça sediava e também o motivo que levou a Semana Farroupilha para lá. Isso aconteceu porque a praça Carlos Telles (catedral) teria ficado pequena para tal evento que crescia cada vez mais. Foi na década de 70 que a Semana Farroupilha passou a ser na Praça das Carretas, segundo o nosso entrevistado. Ele disse que no início era bom, mas com o tempo alguns moradores começaram a reclamar porque, alem de outras coisas, os cavalos faziam muita sujeira e também destruíam os canteiros da praça. O espaço tornou-se pequeno para o grande número de cavalarianos que compareciam ao evento. Em 2007, então, a semana farroupilha passa a ser realizada no Parque do Gaúcho. 



Diário de Campo: Entrevista com Élida Hernandes


Na tarde de quarta-feira no dia 23 de novembro os alunos: Cristiele Paiva, Elenara Pinto, Felipe Sarasol, Helena Brum, Isadora Rodrigues, Jordano Jardim, Jean Vargas, John Roger Roldãn, Mateus Moreira, Neuza Fagundes, Renan Silveira, Renan Barros e Rodrigo Vaz, integrantes do projeto “Memórias da Praça das Carretas” , juntamente com os professores Lisandro Lucas de Lima Moura (Sociologia) e o professor Rafael Lima(História), nos reunimos no Museu Dom Diogo de Souza,  para  entrevistar a Senhora Élida Hernandes, pesquisadora que está colhendo informações sobre as praças de Bagé, com o propósito de escrever um livro sobre as mesmas. Chegamos para o encontro às 14:00 e fomos para o teatro do museu onde começamos a entrevistar Dona Élida, uma senhora muito simpática. Durante a entrevista ela nos contou que, atualmente, em Bagé, existem 64 praças e que encontrou certa dificuldade para saber quem eram seus patronos. Ela questiona o porquê das praças de Bagé não terem nomes de pessoas que viveram aqui ou são de Bagé; também nos falou que a Praça das Carretas mudou várias vezes de nome, sendo o primeiro Praça da República e, atualmente, Praça João Pessoa. Élida nos forneceu importante material para esta pesquisa que estamos desenvolvendo no IFSul.